Este livro descreve o “mundo judiciário” a partir da minha ótica como Oficial de Justiça aos dezenove anos de idade. Por “mundo judiciário” não imagine processos ou leis: trato aqui de acontecimentos e de pessoas que, por alguma razão, estão conectadas, direta ou indiretamente ao crime ou a processos criminais. Este livro não é um livro jurídico.
O cenário é a cidade de São Paulo nos anos 1989-1990. Época em que produtos Made in China eram exóticos, a inflação era alta, a classe média tinha medo do Lula, Saddam Hussein era aliado e financiado pelos EUA, não existia telefone celular (nem Google, nem internet), e falar mal de imigrantes nordestinos era socialmente aceitável.
Embora situada em uma época próxima, em uma cidade familiar e versando sobre temas corriqueiros, a proposta é fazer o leitor “submergir” em um mundo, na verdade, muito diferente: o mundo que vi, aos dezenove anos, como Oficial de Justiça da 14ª Vara Criminal da Comarca da Capital do Estado de São Paulo. O livro mostra também como era o universo de um estudante do primeiro ano da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
Utilizei, tanto quanto possível, a linguagem da época, inclusive as gírias e o vocabulário típico dos policiais, dos presos, dos favelados, dos empresários, dos estudantes de direito e das demais pessoas abordadas no texto.
Este livro não é de ficção, mas também não é uma “autobiografia”: ele não descreve como era minha vida, mas sim o que vi na época. Propositalmente omiti nomes, para não expor pessoas a situações não muito abonadoras. Este livro, portanto, não é um romance.
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